segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Tapas na Andalucía

                                                                          



                                                                                                                                                       Tapita de sépia da Casa Cristóbal, centro de Granada






 O que mais me atrai nesse costume, é que não precisamos da formalidade de sentar-se à mesa para uma refeição, podemos passar o dia degustando muitas delícias e bebendo, claro!
 Antes de chegar a Espanha, tinha um conceito diferente sobre as TAPAS, acreditava que qualquer petisco individual e bem elaborado, diria até sofisticado, se classificaria como tal, vai muito além...
 O tapeio, a ida as tapas na Andalucía, lembra muito o povo nordestino, que adora "beber comendo" e é feito diariamente, com vinho ou sem vinho. 
Em Granada,  Almeria e Jaén, a cada drinque, seja uma caña (copo de cerveja pequeno), um tubo (copo de cerveja grande), uma taça de vinho ou um refrigerante, ganhamos uma tapita e ela chega imediatamente após o pedido e em alguns bares temos a opção de escolha. Já em Málaga , Sevilha e no restante da Andalucía elas são cobradas e pedidas separadamente.  Podem ser bem apresentadas ou não, em pequenas ou grandes quantidades; Vai depender do bar/restaurante, que você frequentar. Também podem ser quentes ou frias, tradicionais ou não. Independente do "status" que a tapa carregar, ela vai ser deliciosa... Pois essa cozinha é muito rica em aromas e sabores e até a mais comum, que é a tapita de jámon e ovo de codorniz, é divina.
Aqui em Granada, existem pessoas do mundo inteiro, e os donos de restaurantes se adequaram a esse modo de vida. Outro dia, em minha pesquisa diária e muitas vezes solitária, senti vontade de entrar em um mexicano, pequenino, bonitinho,  que no Brasil (afrancesados que somos), chamaríamos de bistrô. Entrei, pedi uma corona negra modelo especial, quando estava abrindo o cardápio, prestes a fazer um pedido... fui surpreendida por uma tapa posta á mesa, burrito de carne, ótimo por sinal.  Tomei mais uma cerveja, desta vez acompanhada de uma tapita de frijoles refritos e fui em busca de outro bar, jantar, pra quê?
 Granada é uma cidade universitária, talvez, essa seja a grande sacada dos donos de bares, vendem muita bebida e a comida é por conta da casa e os estudantes, vivem de tapeios e festas.
 E eu confesso, aqui quando não vou pra cozinha, saio de tapas, adoro a conveniência e a diversidade. Muitas vezes sou arrebatada pelo desejo de provar coisas novas, que não estão no menu de tapas, mas geralmente, elas são minha escolha. 





 Frigilliana, povoado árabe, localizado em cima de montanhas, na província de Málaga. A data de construção da cidade fica em torno do séc. IV. Na foto, uma tapa muito bem servida, para dois, composta por Papa a lo pobre, pisto, chorizo, morcilla picante e ovo frito. Região produtora de vinho de uva moscatel, passas e melaço de cana, a única cidade da Espanha que continua com a produção do melaço mouro. Lá é realizado o famoso Festival de las Tres Culturas, anualmente,os quatro últimos dias do final do mês de agosto e comemoram-se as tradições locais, que são: cristães, muçulmanas e  judaicas. Graças à mistura de culturas locais o lugar é muito popular entre os gourmets.




As tapas mais populares são: atum com pimentão assado, pincho (espetos de porco), brochetas (carne ou peixes com vegetais), bomba (bolinho de massa de purê de batata, recheado com carne moída e frito), morcilla (embutido de sangue de porco, temperado com canela e páprica), chorizo, habas com jámon (favas com presunto de porco ibérico), bouquerones fritos (anchovas), calamares fritos, croquetas (podem ser de jámon, frango ou cozido andaluz), tortilla, papas bravas (batata cozida e frita, com molho de tomate picante), papas a lo pobre (batata confitada em azeite de oliva e pimentões, acompanhada de ovo frito e chourizo), caracoles (escargot em molho de páprica), cazon em adobo (cação marinado com páprica e oregáno, empanado em farinha de trigo e frito), almejas e  mexilhões no vapor, queijo manchego e gaspacho e aos domingos alguns bares costumam servir paella e migas e quase tudo acompanha azeitonas e pães!!
 Uma infinidade de delícias da península ibérica com muita influência árabe.  Por aqui passaram e ficaram fenícios, gregos, romanos,visigodos e também viajantes românticos de toda a Europa, todos deixaram seus legados culturais, e portanto gastronômicos.
Acredita-se que o costume foi trazido pelos árabes, eles criaram o hábito das pequenas porções. Outra possibilidade de surgimento, é a que os trabalhadores da lavoura, para segurarem a fome até a hora do almoço, comiam pequenos bocados. Também se conta que o rei Alfonso X " o sábio", ao perceber a embriaguez elevada do seu povo ,estabeleceu que cada jarra/copo, pois naquele tempo não existia taça, deveria chegar coberta por um prato com algo para comer, e esse prato também serviria como proteção contra moscas, pois se tratava da idade média. Por isso nome tapa, que quer dizer, tampa. A definição do dicionário da Real Academia Espanhola, define como qualquer porção de alimento sólido, capaz de acompanhar uma bebida. Vamos as tapas!!

Alfenin por Graça França e Angelo Medeiros

http://blog.tribunadonorte.com.br/aoponto/alfenim-potiguar-estara-na-mesa-tendencias-da-semana-mesa-sp/48204

Cozinha vietnamita

http://www.nominuto.com/vida/gastronomia/a-cozinha-vietnamita-ao-alcance-da-sua-mesa/58904/

A poeta das panelas

A poeta das panelas
(Para Gabi, com toda minha admiração e afeto)

Uma intimidade
indecente com os alimentos.
desnuda,
revela,
os sabores mais profundos e sutis.
Das rosas e flores,
que só teriam beleza e perfume para oferecer,
retira sabores surpreendentes.

Do quase nada ela faz
poesia e alquimia.
Numa Explosão de odores,
sabores,
cores,
textura.

Um prato delineado
com as tintas da sensibilidade
desta amiga cozinheira e poeta,
nos leva ao êxtase total,
ao nirvana.

Graça de Lima França

domingo, 24 de outubro de 2010

Salada Primaveril

Recomendo aos casais...

Ingredientes: 
1 Laranja
1/2 romã
4 orquídeas branca
4orquídeas lilás
4 flores de hibisco vermelho
20g de flor de begônia
10g de flor de pitanga
20g de flor de pau-brasil
15 g de semente de papoula

Modo de Preparo:
Higienize bem a s flores, despetale os hibíscos e as flores de pau-brasil, as outras entram inteiras. Corte a laranja em livro: descasque, sem deixar vestígio da parte branca e vá cortando nas divisórias da laranja, descarte as sementes e as pontas.

No centro do prato coloque os gomos de laranja, ao redor as pétalas do hibísco e saia soltando as sementes de romã. Solte as pétalas de pau-brasil e as outras flores, tanto no centro, quanto nas laterais, finalize com uma ou duas orquídeas comestíveis e semente de papoula.

Vinagrete:
4 colheres de sopa de azeite extra virgem
2 colheres de sopa de suco de laranja
1 colher de chá de água de flor de azahar, flor de laranjeira
1 colher de chá de água gelada
Sal a gosto

Modo de preparo:
Junte os ingredientes e bata com o garfo até encorpar. Guarde na geladeira e mexa antes de servir.

Rendimento: 4 porções.





O tempero da vida

...As vezes, deveríamos usar os temperos "errados" para provar um ponto de vista, adicionar algo diferente às nossas preparações diárias ...o cominho por exemplo, é um tempero forte, e faz com que as pessoas fiquem introspectivas... já a canela, faz com que as pessoas se olhem bem dentro dos olhos. Se quiser que alguém diga sim ou te faça algum tipo de elogio...use a canela. 
Do filme , O tempero da vida.

O ato sagrado de alimentar...

        
   Somos responsáveis pelo que comemos e pelo que ofertamos. É necessário que se reflita, que se faça com amor os dois atos, desacelerar e transformar a ação em algo sublime.
 Fazer escolhas minuciosas dos ingredientes e tratá-los com carinho, de preferência saber sua procedência. Observe no supermercado o carrinho de compras das pessoas, diz muito sobre elas... Mostra seu modo de vida, hábitos, posição social.
 A máxima " você é o que come" faz todo sentido... A forma como trata o seu lixo te coloca em posição de herói ou vilão, é tempo de reciclar e refletir, sobre o que come, o
que oferece e o que descarta e como descarta. Façamos a diferença no pensar e no agir.

Geleia de flor de jambo e garam massala

Geléia de flor de jambo e garam masala

Higienize bem as pétalas, muito importante, principalmente se forem colhidas da calçada...rsrsrsr (se não conseguir o bastante, pode colocar jambo processado com os dois copos de água, sem a coroa,sem o "umbigo" e claro, sem o caroço. fica interessante no resultado final, pois a fruta possui bastante pectina ).
No processo de cocção, prefira uma panela grossa, por exemplo: Cobre, pedra. 

Receita:

1 Kg de pétalas de jambo 
2 Copo americano de água
1 Copo de saquê 
1 Copo americano de açúcar 
Garam masala o quanto lhe baste, cuidado para não mascarar...

Preparo:

Leve ao fogo a água (ou o jambo processado com ela), o saquê e as pétalas deixe cozinhar...mexa de vez em quando. Deixe cozinhar por mais ou menos uma hora em fogo baixo. Coloque o açúcar, tempere com garam massala e deixe no fogo até dar o ponto de geléia.
O ponto para mim é quando começa a descolar da panela... ou então coloque um pouco da geléia em um pires e incline-o. Se escorrer lentamente, está pronto.

Sugiro que acompanhe pães caseiros, carne de porco, frango... use sua intuição e criatividade.

É preciso amor...

Não existe cozinha sem amor, não existe amor sem dor...
Cozinhar profissionalmente é diferente de gostar de cozinhar, é diferente... Não que para cozinhar para as pessoas queridas ou para um professor ou colegas de classe não necessite de amor, não é isso. Amor é preciso sempre, pois o ato de alimentar é sagrado. 
Agora colocar amor diante de situações adversas do dia-a-dia de um restaurante, é aí que mora o diferencial do cozinheiro. Cozinhar para pessoas que você não conhece, não sabe de seus gostos, de sua vida e como um psicólogo vidente, o verdadeiro cozinheiro vai utilizar de magia para arrancar sorrisos de alguém que chegou angustiado, deixar quem está feliz aida mais... Ele tem conhecimento e sabe qual tempero, cada alma precisa.
Ah, o cozinheiro é um apaixonado, ele quando sai da cozinha ela ainda se mantém viva, fica "bolindo" por dentro... Ele sai pensando no próximo encontro.
Mesmo passando a maior parte do seu tempo em pé e em ambientes muitas vezes insalubres, correndo riscos inúmeros, sabendo que um dia vai se aposentar por problemas de coluna, etc. Sabe que em outra profissão não vai encontrar satisfação, ele é inquieto e essa profissão pertence aos que não se acomodam, aos que querem sempre mais... 
As queimaduras, os cortes? São presentes dados por sua amada, a cozinha. São sinais de vida compartilhada.